Sem movimentos, sem a fala estar boa, desde então tinha na minha cabeça que eu tinha que ficar boa. Me lembro que até acontecer pra mim, um AVC era meio que uma caixa preta que não havia sido mexida. Simplesmente, por não ter tido ninguém próximo a mim, ou mesmo meio distante, que tivesse passado por tal experiência.
Acredito que tal ignorância minha por um lado foi positiva. Não criei "muros" para a minha reabilitação. Não procurava saber com que seqüelas quem já havia passado por isso tinha ficado. Ao contrário, procurava sempre exemplos de recuperações exemplares. Que levassem meses, ou mesmo anos, uma pessoa sem sequelas era no que eu focava minha recuperação.

Penso que posso definir meu ânimo pós-AVC antes da Jill (aJ), e depois da Jill (dJ). Vi sim que uma recuperação plena era possível. Mas que eu teria que correr muito atrás! Nada de ficar deitada na cama, calada, esperando que minha fala e meus movimentos voltassem de uma hora pra outra. Comprei o seu livro sobre a cura do cérebro e fui atrás da minha recuperação.
Sei que cada AVC é um AVC, mas temos que ter foco, sempre! Estou normal, 100%, para a maioria das pessoas. Mas para mim, tenho ainda que corrigir algumas coisas. E estou tentando ainda. Longe de pensar que minha recuperação se deu por completa. Ainda tenho muito a trilhar.
No caso da Jill, foram, segundo ela, 8 anos de luta para ela estar bem. Quem sou para achar que depois de praticamente 2 anos estaria bem? Estou muito bem, obrigada! Mas vou ainda correr atrás do prejuízo, e tentar minimizar a quase zero as seqüelas.
Minhas atuais seqüelas (quais???? - muitos amigos estarão me perguntando) são mínimas, mas existem. Hoje rio da maior parte delas, mas é um riso com respeito, com reconhecimento da limitação, e o mais importante ainda, rio para me lembrar que dessas seqüelas ainda quero superar!